sábado, 20 de novembro de 2010

20 de NOVEMBRO 2010 - ANIVERSARIO DE MORTE DE ZUMBI DOS PALMARES HEROI DO POVO NEGRO

 Padre Prata - 20/11/2010

Nossos irmãos negros

Irmãos? Muito mais do que irmãos. Ou você ainda não sabe que nossos pais vieram da África? Queira ou não queira, meu irmão branco, há genes dentro de você que escondem suas origens primitivas. Levante sua cabeça. Hoje, 20 de novembro, celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra. Não é um dia só deles.
Quinta-feira, neste jornal, li um artigo excelente sobre o assunto. Não conheço o autor – Valter Machado da Fonseca – professor na UNIUBE. Admirei não apenas seu grau de informações, mas  sobretudo sua coragem. Mostrou nua e cruamente que nossa história é carente de heróis. Essa lacuna  faz criar heróis fictícios. É uma tentativa velhaca para suprir nossas deficiências. Nossas injustiças. Nossos crimes. Exploram o negro de uma maneira nefanda. Até hoje ainda são vítimas de exploração criminosa. A História do Brasil nos foi ensinada na perspectiva do branco. Branco é branco. Preto é preto. Branco é inteligente e trabalhador. Negro é “tapado” e preguiçoso. Quando crianças, nos apresentaram Domingos Jorge Velho, homem sem escrúpulos, torturador e sanguinário, como herói nacional. O autor cita o nome de vários desses elogiadíssimos “heróis” nacionais, mas não tenho espaço para citar o nome de tanta gente.  
Há dias foi levantado um problema apontando sinais de discriminação racial em Monteiro Lobato, aquele autor admiradíssimo em nosso tempo de criança. Tentaram consertar as coisas, mas as dúvidas ficaram. Lembro-me ainda de um conto no livro “Urupês”, em que os policiais são comparados aos glóbulos brancos, encarregados da limpeza do organismo. Um deles toma o material e os trocados de um engraxatezinho. Mais tarde, com aquele dinheirinho, vai ao bar tomar umas pingas. E acrescenta: “aquele glóbulo branco era preto”. Talvez as palavras não sejam as mesmas, mas o sentido era. Não me lembro da edição. Provavelmente a  primeira.
Do tempo de que me lembro, em minha infância, até hoje, muita coisa mudou. Para melhor. Há mais respeito, mais consideração, mais carinho para com nossos irmãos negros. São nossos irmãos. Só há uma diferença: a cor.
Hoje, a própria Igreja, várias vezes, já pediu perdão pelo seu pecado histórico de desconsideração para com o negro. Foram inúmeros os pecados da Igreja em face da escravidão negra. Alguns bispos protestaram veementemente através de pastorais e pequenas publicações. Mas a Igreja, oficialmente, nunca se pronunciou contra a escravidão negra. Muitos padres, bispos e conventos mantinham milhares de escravos. Já li que o Vigário Silva, no século XIX, aqui em Uberaba, possuía fazendas com escravos. Não posso provar, apenas li não sei onde.
            Como estou quase sem espaço, voltarei ao assunto. Seja qual for a nossa origem étnica, somos chamados a ouvir, no clamor dos negros por justiça, igualdade de direitos e fraternidade, os sinais dos tempos e uma profunda conversão ao Pai comum de todos nós.



(*) thprata@terra.com.br

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